LER, ESTUDAR E PESQUISAR
Jamais
estudei para fazer testes e provas. Dirão os mais apressados no
julgamento alheio: que exemplo você está dando com isso aos seus alunos?
E eu replicarei, no entanto, que, melhor do que se preparar de véspera
ou antevéspera para concursos, vestibulares, prova escolar etc. é fazer
do estudo uma eterna busca e fonte de viver bem.
Somos
seres incompletos, necessitando a todo instante cobrir as lacunas que
nos cercam, sejam elas de que ramo for do conhecimento humano. Também
não acredito que somos mais um na multidão e que devemos passar por essa
vida sem deixar o nosso rastro. Não creio que tudo isso aqui se valha a
apenas parcos anos, do berço ao túmulo. Por isso, temos que fazer dos
nossos dias uma aventura infrene em prol da sabedoria, da inteligência e
da leitura.
Eu,
geralmente, tento fazer do estudo o tapume da minha ignorância, das
minhas queixas e das minhas frustrações. E quanto mais me aprofundo
nisso, vejo que o filósofo Sócrates tinha toda razão em afirmar que nada
sabia. Daí, quando me deparo com uma folha me questionando sobre
determinado assunto, não me faço de rogado e exponho a minha vida, o que
tenho vivido, lido e assistido ao longo dos meus anos.
Dessa
forma, concordo plenamente com a tese de que a legitimação do saber
deve estar aquinhoada ou de conformidade com o contexto social, cultural
e econômico do estudante. Porém, hoje em dia, dizer que não se tem
acesso aos bens de informação é um verdadeiro despautério. Qualquer
família dispõe de um televisor ou de um rádio; jornais e revistas não
são dispendiosos e estão em toda esquina; em qualquer cidade do interior
existe uma biblioteca pública e, mesmo que não a tenha, as escolas são
equipadas com, digamos, o mínimo do básico para a leitura, a pesquisa ou
o estudo; o Governo Federal tem projeto também de inclusão digital em
todos os postos dos correios, além de financiamento para aquisição de computadores nos bancos estatais.
Mesmo
ainda persistindo o descalabro às fontes de cultura, existe o bom e
velho “pedir emprestado”. Quantos livros, revistas e jornais eu li
pedindo emprestado aos meus professores, vizinhos, amigos, parentes?
Incontáveis. Foi desse modo que conheci a Literatura Universal e me
apaixonei bem antes da escola despertar (ou tentar despertar!) isso em mim. Assim,
li a coleção completa de Júlio Verne pegando emprestado da Biblioteca
Municipal Plínio de Almeida, no Espaço Cultural, em Itabuna.
O
que a mocidade precisa - essa juventude bela, sorridente e viril - é
parar de perder um tempo precioso com futilidades e um pouco mais de
vontade, de bom senso, para o querer crescer intelectual, moral e
espiritual, além de exemplos em casa ou na sociedade dos benefícios
desse crescimento. É necessário criar o costume entre velhos e jovens de
correr atrás disso, pois a Educação se faz com 30% de orientação dos
mestres e os outros 70% de interesse pessoal.
Estudar
fórmulas, regras e estruturas nos dias anteriores às baterias de testes
e provas pode ter alguma importância, embora rasteira, superficial e
descontextualizada do dia-a-dia da maioria das pessoas. Agora, estudar,
ler e pesquisar ao longo da existência para sorver conhecimentos,
descortinar tabus, viajar incólume por novas ideias, universalizar-se e
ao mesmo tempo se autodestruir, é um dos raros prazeres que há no
mundo. Experimente e verá!
Fonte: O Blog de Redação.
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